Mais uma ótima supresa vinda da Austrália. A banda é de Perth, atende pelo nome de Tame Impala, engrossa as fileiras neo-psicodélicas e foi apadrinhada pelo pessoal do MGMT, com quem tem vários shows agendados em junho. As influências assumidas em seu MySpace incluem vários dos favoritos da Daydreaming, bandas do naipe de Love e Neu!, passando por CSNY e chegando a nomes atuais, como Beach House e Queens of the Stone Age. Natural, portanto, que os australianos promovam em sua sonoridade uma jornada irrestrita pelas mais variadas vertentes musicais viajantes. O resultado, ao mesmo tempo coeso e heterogêneo, impresso no sensacional álbum "Innerspeaker", mixado por ninguém menos que Dave Fridmann, retrata muito bem esse intento.
Vocais preguiçosos, cheios de efeitos, amarrados num jogo harmônico bem trabalhado (que se repetirá em outras faixas), ao estilo da psicodelia mais ensolarada, inauguram os trabalhos na mais contemplativa "It is Not Meant To Be". A seguinte, "Desire Be Desire Go", é mais visceral ao trilhar o caminho do power rock sessentista, assim como "Solitude is Bliss", flagrantemente hendrixiana. Aliás, sintonias de Cream e Nazz também são facilmente captadas em outros momentos da audição. Frequente também é a combinação de passagens enérgicas (que chegam a remeter ao hard rock) com outras mais climáticas e idílicas, como prova "Runway Houses City Clouds". O tiroteio de referências não para por aí :"Lucidity", tem vocal tipicamente psicodélico, uma levada inicial kraut, algo de Yo La tengo, e descamba no final para o progressivo. Já a fantástica e instrumental, "Jeremy's Storm", eleva a audição ao grau máximo de arrebatamento.
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