12 janeiro 2010

Melhores Discos de 2009 - Parte I

   

por Fabiano Turbai
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Promessa é dívida: após longos, árduos e penosos pensamentos, reflexões, conjecturas e elucubrações, chegamos enfim a uma conclusão (rs). A fumaça indica que... habemus lista! Seguem abaixo as minhas escolhas pessoais. A segunda parte, contendo os escolhidos do Galliez, será publicada brevemente. Aguardem!


1.“TAROT SPORT”- FUCK BUTTONS. Em “Tarot Sport”, a dupla de Bristol, sob a inspiração de influências que vão de krautrock-Kraftwerk a shoegaze, passando pela eletrônica mais atormentada, ergueu um painel sonoro onírico cravejado de ruídos e truques eletrônicos brilhantemente lapidados e capazes de magnetizar o ouvinte em suas sete faixas, prova de que sonoridades ditas experimentais podem, sim, ser acessíveis e instigantes. “Olympians” é a “Kometenmelodie 2” dos anos 00.

2. “TWO DANCERS”- WILD BEASTS. Um álbum de unidade ímpar, calcado no estranhamento do canto singular, teatral e elegante do mestre de cerimônias Hayden Thorpe, cujo falsete tem muito de Russel Mael do Sparks. Um verdadeiro microcosmo talhado por estetas, ao mesmo tempo asséptico e lúbrico, representado por canções cristalinas e refinadas. “Hooting and Howling” e “All the King’s Men” são pequenas obras-primas.

3. “EMBRYONIC”- FLAMING LIPS. “Embryonic” é um tijolaço musical de 18 faixas recheado de destemor, insanidade, nonsense e códigos muito próprios de uma psicodelia das mais autorais. Basta dizer que é o definitivo “Livro Sagrado" dos Lips.




4. "VECKATIMEST"- GRIZZLY BEAR. O que mais impressiona em "Veckatimest" é o talento precoce demonstrado pela banda para transitar com muita desenvoltura por estandartes sessentistas como psicodelia, sunshine pop e baroque pop - além de jazz e folk- para criar composições cheias de nuances, desdobramentos e estruturas nada óbvias e, portanto, grau de excelência assombroso.

5. “MERRIWEATHER POST PAVILION”- ANIMAL COLLECTIVE. O som da lisergia do final da primeira década de um novo século. Uma psicodelia bastante percussiva, eletrônica, quase tribal, fundada em mantras hipnóticos, que de tão ensolarada chega a ofuscar. A proposta musical já anunciada por Panda Bear (aka Noah Lennox) no fantástico “Person Pitch”, lançado em 2007, ganha uma versão mais palatável e conquista o mundo.

6. “PRIMARY COLOURS”- THE HORRORS. Quem tem medo do Horrors? O visual da banda, um tanto quanto dark-poser, chega a dar arrepios de pavor. Nada que sobreviva ao impacto infinitamente maior de ouvir “Primary Colours”, o segundo álbum da banda britânica, na verdade um apanhado de boas emanações vindas da escuridão, como “Three Decades” e “Who Can Say”, em que a desorientação sonora shoegazer harmoniza perfeitamente com o gótico e com as viagens chapadas do krautrock (“Sea Within a Sea”), tudo isso costurado com um senso pop de respeito.

7. “WILCO (THE ALBUM)”- WILCO. Sob a regência das composições e vocais invariavelmente inspirados de Jeff Tweedy e da guitarra do excelente Nels Cline, o disco batizado com o nome da banda de Chicago não por acaso sintetiza todas as suas facetas, contendo tudo o que o Wilco tem de melhor: as boas e velhas matadoras melodias e, ainda que de forma mais discreta, as mais recentes experiências dissonantes. O bloco composto pelas cinco primeiras canções é arrepiante.

8. “IT’S BLITZ”- YEAH YEAH YEAHS. Surpreendente é o adjetivo que melhor se aplica a “It´s Blitz”. Numa... surpreendente(!) mudança(correção?) de rumos, Karen O. e seus comparsas cometeram um álbum que, não contente em apresentar programações eletrônicas, sintetizadores, climas oitentistas e um punhado de levadas contagiantes perfeitas para a pista, como comprovam a já clássica “Zero” e “Heads Will Roll”, ainda traz baladas irrepreensíveis interpretadas soberbamente pela icônica vocalista.

9. “ALBUM”- GIRLS. Som básico, esfarrapado e irreverente, pontuado por bem-vindas doses adicionais de transgressões sônicas e momentos de calmaria cool. Guiado pela herança deixada pelas tribos paleolíticas fundadoras do rock’n’roll, o Girls, em seu disco de estreia, reinterpreta o gênero de forma muito particular, o que significa nunca resvalar na reprodução pura e simples dos clichês que o assolam.

10. THE PAINS OF BEING PURE AT HEART. Uma cativante coleção de canções aceleradas, solares e cheias de ganchos pop notáveis, marca a estreia do Pains of Being Pure at Heart em álbum homônimo. O noise pop fincado na já tão propalada (boa) influência de My Bloody Valentine, também paga tributo a outras bandas como Teenage Funclub, e é certeza de divertimento e libertação. Não bastasse o encanto de músicas como “Young Adult Friction”, no decorrer de 2009 a banda ainda lançaria o EP “Higher Than Stars”, que deixou a impressão de que mais material de qualidade virá por aí.

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