14 janeiro 2010

Melhores Discos de 2009 - Parte II

   

por Leonardo Galliez
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Aí estão! Meu dez escolhidos, embora eu sempre ache complicado selecioná-los. É necessário um certo distanciamento temporal para uma análise mais apurada. Ainda mais difícil é definir ordem (como comparar Bill Callahan e The Horrors ?). Mas nem por isso vou deixar de entrar na brincadeira. Uso como referência o quanto os ouvi durante o ano, e é claro que muita coisa boa ficou de fora (A Place to Bury Strangers, Maribel, Phoenix, Julian Casablancas, St. Vincent, Super Furry Animals, Wilco, etc etc etc). Mas chega de observações. Vamos à lista!

1. "MERRIWEATHER POST PAVILION" - ANIMAL COLLECTIVE. A psicodelia ensolarada dos anos 60 (do século passado), referência evidencializada pelas melodias e harmonias vocais que "colorem" o disco, atualizada com propriedade. Uma bem sucedida combinação de experimentalismo com acessibilidade pop, equação nada fácil de ser resolvida. Mas não se engane: o grande mérito de Merriweather está mesmo na excelência das composições, que não perderiam sua força mesmo despidas das trucagens eletrônicas que permeiam o trabalho (Sondre Lerche fez o favor de provar a teoria, com sua versão para "Bluish"). Difícil mesmo, com o passar do tempo, é escolher as favoritas. O mantra de "My Girls"? A vibrante "Summertime Clothes"? A farra de "Brothersport"?

2. "VECKATIMEST" - GRIZZLY BEAR. Obviamente não sabíamos na época, mas em 2008, Daniel Rossen havia dado uma prévia do que poderia ser este disco do Grizzly Bear, através do excelente "In Ear Park", álbum de seu projeto paralelo (em parceira com Fred Nikolaus), o Department of Eagles. Em comum, o desfile de referências a diversos gêneros musicais, um apurado senso melódico, além do cuidado cirúrgico nos arranjos e uma facilidade admirável em alternar naturalmente entre climas intimistas e grandiosos. O saldo foi positivo: em 2009, a banda finalmente ganhou o merecido destaque na mídia, com seu álbum chegando inclusive a figurar entre os "10 Mais" da Billboard na semana de lançamento.

3. "EMBRYONIC" - THE FLAMING LIPS. Em entrevistas recentes, Wayne Coyne admitiu que o novo disco dos Flaming Lips "não era para todo mundo". Em seus mais de 70 minutos de duração, Embryonic prima pela liberdade, ancorado pela mais competente base instrumental apresentada em disco até então. Sai perdendo quem não se aventura por este labirinto anárquico de sons (distorções?), ainda mais bem-vindo em tempos de crise no mercado e medo coletivo de riscos "artístico-financeiros".

4. "TWO SUNS" - BAT FOR LASHES. Não sei quanto a você, mas não considero perojativo o termo "pretensioso". Natasha Khan (que assina como Bat For Lashes) foi, sim, ambiciosa em seu segundo álbum, costurando suas canções sob a temática da dualidade. Entre percussões tribais (assinadas em grande parte por músicos da banda Yeasayer) e melodias ao piano, Natasha construiu um universo (ou seriam dois?) musical próprio, autoral, ainda que faça referência a cantoras como Kate Bush e Björk. Na faixa de encerramento, ainda contou com a participação do lendário Scott Walker nos vocais, coroando de vez a obra.

5. "ALBUM" - GIRLS. Sempre achei complicado mensurar "honestidade" em música pop. Assim como sempre questionei sua importância. Mas em seu disco de estréia, a banda Girls desfila confissões e anseios de uma forma tão crua, em letras tão simples e diretas, que soam definitivamente convincentes/comoventes. Quanto à parte musical, a simplicidade é apenas aparente: entre rock ríspido e passagens etéreas, a banda prova competência e técnica apurada. Tente não se envolver.

6. THE XX. Celebrada e "hypada", principalmente pela imprensa inglesa, a estréia em disco dos (bastante!) jovens integrantes da banda The xx é daqueles trabalhos que não causam indiferença: há os que amam, há os que odeiam (e é lógico que é bem mais divertido odiar algo já muito comentado). A audição do álbum, passada a natural desconfiança inicial, revela gratas surpresas. A fórmula de canções intimistas, que diversas vezes simulam diálogos homem-mulher, mostra-se sedutora. A sonoridade é original, ainda que tenha resquícios dos Young Marble Giants.

7. "SOMETIMES I WISH WE WERE AN EAGLE" - BILL CALLAHAN. Bill Callahan, que lançava discos sob o nome de Smog, está interessado nas "coisas ordinárias, como o quanto de uma árvore se move com o vento". Sua voz é firme, empostada. Demanda atenção. A estranheza do título (repararam no "we were"?) se repete nas letras. Não há como ficar indiferente. Os delicados e complexos arranjos de cordas completam o encanto dessas canções folky setentistas nada banais, nada ordinárias.

8. "TWO DANCERS" - WILD BEASTS. Comecei a dar atenção a este disco tardiamente em 2009, mas foi o tempo de ficar viciado principalmente nas 5 faixas iniciais, todas hipnóticas (no momento, não paro de ouvir "We Still Got The Taste Dancin on Our Tongues"). Os jogos vocais e a interpretação incrível, caracterizados pela teatralidade e pelos falsetes à Sparks, dão brilho às composições. Não há lampejos de grandiosidade nos arranjos, caracterizados basicamente pelo combo clássico guitarra-baixo-bateria, o que só faz destacar o lado meio sombrio, um tanto misterioso, das canções.

9. "PRIMARY COLOURS" - THE HORRORS. Umas das surpresas do ano. Este quinteto (pseudo?) dark inglês faz uma competente releitura do pós-punk oitentista (sim, mais uma...). Noise, gothic e até krautrock compõem o espectro sonoro "primário" do disco, que ainda traz gélidos teclados à Joy Division como nas ótimas "Three Decades" e "Who Can Say" (também citadas pelo Fabiano na "Parte I", aliás).


10. "IT´S BLITZ!" - YEAH YEAH YEAHS. O álbum que abre com a canção mais irresistivelmente pop do ano não poderia ficar de fora. Os Yeah Yeahs Yeahs são uma banda que cresce a cada disco, desta vez fazendo uso de sintetizadores e criando estruturas mais complexas em suas músicas, com o auxílio na produção de David Andrew Sitek, do TV On The Radio. Quando não ataca com as enérgicas "Zero" e "Heads Will Roll", envolve e cativa com as doces "Skeletons" e "Runaway". Karen O foge do mero esteriótipo de rocker bagaceira e se firma como intérprete de primeira grandeza.

4 comentários:

  1. Tirando o Album - Girls, todos esses abuns ganharam o "Best Art Vinyl 2009" graças ao site.

    apesar de nao achar que o muse devesse estar em primeiro, gostei bastante de quase todos por lá.

    http://www.artvinyl.com/en/nominate/nominations.html

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  2. Muito boa a lista mesmo! Só faltou The Antlers e St. Vincent, mas só podem dez, então.. hehe Concordo 100% com o primeiro e segundo lugar!

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