13 julho 2009

Notícias da Neo-Psicodelia

   












Dois álbuns lançados recentemente servem como termômetro do atual estágio da retomada psicodélica.

Dos”, novo álbum do Wooden Shjips, banda egressa de San Francisco(CA), nitidamente cultora da combinação da sujeira do rock de garagem com elementos psicodélicos, e capaz ainda de embarcar em sua sonoridade pitadas daquela marcha estradeira própria do krautrock, deixa claro o intuito de levar o ouvinte ao transe (seria um reflexo de estados de percepção alterada dos músicos?).

A fórmula das cinco músicas que compõem o disco é quase sempre a mesma: pegue um vocalista que pode soar como Jim Morrison, insira na linha de frente uma poderosa e infinita levada de baixo cheia de traquejos hipnóticos, adicione intervenções de guitarra em estado bruto de fuzz junto com uma porção de teclados sinuosos e o resultado é o som mais do que chapado do Wooden Shjips. Porém, se tal artifício é, a princípio, um trunfo da sonoridade da banda, por outro lado também é uma armadilha, já que por vezes o produto final acaba ficando muito circular e cansativo. De qualquer forma, se “Dos” representa uma evolução qualitativa no som do grupo, não traz também qualquer canção capaz de bater a bem resolvida “We Ask You To Ride”, presente no primeiro álbum homônimo e a minha preferida, disparado.

A outra novidade vem da Costa Leste (NYC), atende pelo nome de Amazing Baby e acaba de lançar o disco “Rewild”. Apesar do pouco tempo de estrada (foi formada em 2008), parece que a banda, cujos membros, digamos, tem uma postura poser, já sabe muito bem o que quer (basta conferir as suas páginas na rede: http://theamazingbaby.com/ e http://www.myspace.com/amazingbaby).

Seria mais preciso definir “Rewild” como um álbum com pinceladas psicodélicas, na medida em que nele a psicodelia não chega a ser explorada sempre em sua forma mais pura, apresentando-se mais diluída, soando às vezes como um indie-pop ornamentado com penduricalhos viajantes. É o que comprova a faixa de abertura “Bayonets”, além das dançantes “Kankra”, “Deeriper”, “Smoke Bros” e da manemolente “Headdress” (a que mais tem jeitão de hit). Já “Narwhall” é um pastiche de inspiração blueseira-zepelliana dispensável. Apesar da pouca originalidade (“The Warlocks passou por aqui”), a melhor acaba sendo a grandiloquente-épica-sombria “Invisible Place”. A flutuante “Dead Light” também é ótima.

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"We ask You to Ride"- Wooden Shjips.


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Amazing Baby
- duas versões para "Headdress".

Versão 1- "Poser? Eu?"


Versão 2- Não sei bem o porquê, mas essa versão, apesar das ridículas tarjas no estilo Laranja Mecânica (Terra Brasilis circa 1973), é muuuito mais simpática. O vídeo sem censuras tolas pode ser visto no sítio da banda (http://theamazingbaby.com/).

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