21 junho 2009

Um Bárbaro Chamado Moulty

   

Entre as muitas informações contidas no libreto que acompanha a imprescindível caixa “Nuggets- Original Artyfacts From The First Psychedelic Era 1965-1968”, compilação tão relevente que acabou incluída no rank “The Rolling Stone 500 Greatest Albuns of All Time”, está a instigante trajetória de “Moulty”, música dos Barbarians, banda formada em 1963 em Cape Cod, Massachusetts, caracterizada por um estilo mais rebelde que a diferenciava de outros contemporâneos.

A canção, gravada em 1966 e que já aparecia na seleção original de vinte e sete faixas organizada pelo professor-doutor-guitarrista Lenny Kaye (vale ressaltar que mais músicas foram pinçadas posteriormente e inseridas em outros três discos que hoje compõem esse precioso tijolaço musical chamado Nuggets) sempre chamou a minha atenção devido à utilização da sonoridade mais propriamente como pano de fundo para uma história falada/contada num registro deliberadamente melodramático que ao mesmo tempo deixava transparecer um certo humor (involuntário?). O que eu descobri é que se há Moulty- A Canção, também existe Moulty- O Homem, o lendário baterista dos Barbarians, mencionado inclusive em “Do You Remember Rock’n’Roll Radio?” dos Ramones.

A informação não seria tão digna de nota assim caso Victor “Moulty” Moulton não tivesse que empunhar uma das baquetas com um gancho no lugar de sua mão esquerda, perdida num acidente. E mais: essa característica gerou no produtor do grupo, Doug Morris, a ideia de abordar a deficiência física do músico numa canção-homenagem homônima na qual Moulty relatava o seu drama e a subsequente superação através do poder da música (ohh!!). O que nosso herói não sabia era que tão singela iniciativa escondia também uma genuína ambição comercial, já que a música acabou sendo lançada à sua revelia. Diz a lenda que o baterista teve um acesso de fúria ao ser surpreendido com o lançamento do single e, ato contínuo, saiu à caça do presidente da Laurie Records, responsável pela prensagem e em cuja cabeça quebrou várias cópias do disco.

Moulty, a canção, ainda guardava outra surpresa parcialmente revelada por Lenny Kaye quando os Nuggets foram lançados em 1972, ao veicular a suspeita de que na realidade a banda de apoio que participou da sessão de gravação atendia pelo nome de The Hawks. Posteriormente, contudo, o distanciamento temporal possibilitou que Mike Stax ao comentar a faixa considerasse tal fato certo, consumado.

Ah... Só pra constar: The Hawks era a "bandinha" que acompanhava Bob Dylan e ficou mais conhecida como uma tal de The Band.
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"Moulty"- música e letra:



I remember the days when / Things were real bad for me / It was right after my accident / When I lost my hand / It seemed like I was all alone / With nobody to help me / You know, I almost gave up / All my hopes and dreams / But then, then, then something / Inside me kept telling me / Way down inside of me / Over and over again / To keep going on

Moulty / Don't turn away (You're gonna make it, baby) / Don't turn away (Ah, try to make it, baby) / Don't turn away

Things are better for me now / Cause I found that I love music / So I learned to play the drums / And got myself a band and now / We're starting to make it / And if you can make it / At something you love / Wow, you got it all / So I'm saying this to all of you / All of you who think you'll never make it / All of you guys and girls / Cause you think you're so bad off / Or maybe you think you're / A little different or strange / So listen to me now / Cause I've lived through it all

Moulty / Don't turn away (You gotta keep on trying) / Don't turn away (Well, don't you give up, baby) / Don't turn away

Now there's just one thing that I need / Not sympathy and I don't want no pity / But a girl, a real girl / One that really loves me / And then I'll be the complete man / So I'm gonna tell you right now, listen / Don't turn away (you gotta, baby) / Don't turn away (you gotta keep on trying) / Don't turn away, don't turn away

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